segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A HISTÓRIA DE 16 ANOS DO “CINE ECO”. 2

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2. A PRIMEIRA EDIÇÃO - 1995

A primeira edição do Festival aconteceu entre 28 de Outubro e 5 de Novembro, com cerca de três dezenas de obras inscritas a concurso, maioritariamente portuguesas. Longe, muito longe das cerca de oitocentas obras de todo o mundo que apareceram na edição de 2006, e das quatrocentas e muitas que se mantêm estáveis nas últimas edições. Nesse ano, escrevia-se na abertura do catálogo do festival:
“São conhecidas as dificuldades das regiões do interior de Portugal em manterem-se actualizadas no campo cultural, nomeadamente ao nível do cinema e do audiovisual. Para lutar contra a desertificação neste domínio, acaba de se anunciar um novo festival de cinema e vídeo, o CineEco '95, I Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela, em Seia, uma das poucas cidades desta zona a manter um cinema em funcionamento regular, e agora interessada em alargar o seu campo de acção a outros domínios. Ou seja: por um lado, incentivar a produção de obras audiovisuais que defendam o ambiente, o equilíbrio natural, a ecologia ou que debatam temas que tenham a ver com a harmoniosa inserção do homem na natureza, particularmente em regiões serranas ou montanhosas, com as quais a Serra da Estrela possa estabelecer frutuosas comparações; e, por outro lado, intensificar a difusão do cinema de qualidade, do cinema de autor, de cinematografias jovens ou distantes, obras que raramente penetram nos circuitos comerciais distantes do eixo Lisboa-Porto.
O CineEco '95 integra uma secção a concurso, de obras em cinema ou vídeo, nacionais ou estrangeiras, que tenham como tema o ambiente, e que concorrem à atribuição de vários prémios, entre os quais a Campânula de Ouro. Para além desta secção a concurso, muitas outras secções se anunciam, num bem recheado programa de divulgação de cinema e dos temas propostos. Assim, no cinema de Seia, haverá sessões infantis, com obras como “As Aventuras de Zak e Crysta na Floresta Tropical”, “Libertem Willy”, “Sirga, o Rapaz Leão”, “Em Busca do Vale Encantado”, “A Bela Adormecida”, “Papuça e Dentuça” ou “Os 101 Dálmatas”.
Ainda na sala de cinema de Seia, e em sessões que procuraram sobretudo cativar e motivar os jovens para a aventura do cinema, será projectado um conjunto de filmes que tem como referência comum a relação do homem com o seu habitat natural, integrados numa secção denominada “Outras Terras, Outras Gentes” que agrupará obras como “Baraka”, de Ron Fricke, “Os Últimos Dias do Paraíso”, de John McTiernan, “Rio Selvagem”, de Curtis Hanson, “O Piano”, de Jane Campion, “Dança com Lobos”, de Kevin Kostner, “Urga, o Espaço sem Fim”, de Nikita Mikalkov, “Parque Jurássico”, de Steven Spielberg, “Adeus a Matiora”, de Elem Klimov, “Rapanui, o Centro do Mundo”, de Kevin Reynolds, “Esta Terra é Minha”, de Jim Sheridan, “1492: Cristovão Colombo”, de Rydley Scott, “Através das Oliveiras”, de Abbas Kiarostami, “Tilai - A Lei e a Honra”, de Idrissa Ouedraogo, “A Brincar nos Campos do Senhor”, de Hector Babenco, “O Grito da Montanha”, de Werner Herzog, “Os Olhos Azuis de Yonta”, de Flora Gomes, “Rapsódia em Agosto”, de Akira Kurosawa, “Germinal”, Claude Berri, “E Fez-se Luz”, de Otar Iosseliani, “André”, de George Miller ou “Aqui na Terra”, de João Botelho. Para os amantes do fantástico haverá ainda três meias-noites fantásticas: “O Exército das Trevas”, de Sam Raimi, “Lobo”, de Mike Nichols ou “Palpitações”, de Ron Underwood.
O vídeo educativo estará igualmente presente em séries como “Desafios da Natureza”, “O Mundo Animal Selvagem”, “Zoo- os Maiores da Europa” ou “Desafios da Natureza”.
Importante será ainda o ciclo dedicado a obras de Vergílio Ferreira adaptadas ao cinema e que será completado com edição de um livro: “Vergílio Ferreira, a Serra e o Cinema”, coordenado por Lauro António. No Ciclo, poderão ser vistos “Manhã Submersa”, “Mãe Genoveva”, “Prefácio a Vergílio Ferreira” e “Vergílio Ferreira numa “Manhã Submersa”, todos de LA, “Cântico Final”, de Manuel Guimarães, e “O Encontro”, de António de Macedo. Outro caderno a sair por esta altura terá a ver com uma exposição organizada pelo IPAM e que tentará mostrar o que até hoje foi editado em Portugal na área da defesa do ambiente.”
Assim decorreu o Cine Eco 1995, cujo Júri internacional teve a presidência do prestigiado argumentista e escritor brasileiro Doc Comparato, acompanhado por Helder Mendes, realizador da RTP, Manuela Peixoto, do Instituto da Conservação da Natureza, Maria Maldonado Vieira, do GEOTA, e Fernando Correia, do Parque Natural da Serra da Estrela.  
 O público começou a afluir ao "velho" (depois recuperado) Cine Teatro de Seia.
Doc Comparato, Lauro António e Frederico Corado, em véspera do encerramento.
Doc Comparato, Manuela Peixoto, um habitante da terra e LA.
O Júri Internacional e a organização, antes da reunião final do Júri. Podem ver-se Maria Maldonado Vieira, Manuela Peixoto, Fernando Correia, Angelina Barbosa, Aristides Leitão, Doc Comparato, Nuno Santos.
A sabedoria popular em Folgozinho.

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